Bom dia leitores!
Hoje o assunto é sério e interessante! Vamos falar da cirurgia de redução de estômago, também conhecida como cirurgia Bariátrica e como a Medicina Chinesa vê as consequências desse processo.
Esse tipo de cirurgia está indicada, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), para pacientes com IMC acima de 35 Kg/m² que tenham complicações como apneia do sono, hipertensão arterial, diabetes, aumento de gorduras no sangue e problemas articulares, ou para pacientes com IMC maior que 40 Kg/m² que não tenham obtido sucesso na perda de peso após dois anos de tratamento clínico (incluindo o uso de medicamentos).
Ou seja, não é uma cirurgia estética, e é indicada de forma criteriosa para àqueles que já estão tendo severos prejuízos na saúde.
Nessa cirurgia, parte do estômago é isolada, diminuindo sua capacidade de receber alimentos para digestão, fazendo com que, consequentemente, o paciente coma menos e emagreça drasticamente.
É indiscutível que o paciente que realiza essa cirurgia tem benefícios em sua saúde, porém com menor ingesta de alimentos, há também menor absorção de proteínas, vitaminas, sais minerais. E assim, outros problemas de saúde podem surgir, como a anemia, a osteoporose precoce entre outros.
Mas, como a Medicina Chinesa vê esse processo e como pode ajudar as pessoas que passaram pela cirurgia Bariátrica?
Na Medicina Chinesa o Estômago é o órgão produtor de fluídos corpóreos, os Jin Ye, que fluidificam as mucosas, gera a lágrima, o suor, etc. Também é o principal órgão de digestão, que envia o alimento amadurecido e decomposto para que o Baço-Pâncreas transforme o Gu Qi (energia dos alimentos) e assim a cadeia de transformação de energia segue através de outros órgãos. Neste texto, vamos nos concentrar no funcionamento destes dois órgãos após a bariátrica.
Como o paciente bariátrico consegue consumir apenas entre 10 e 30% dos alimentos que conseguia consumir antes da cirurgia, o Estômago irá sofrer em suas funções, pois não terá mais a energia que tinha anteriormente para funcionar.
A Deficiência do Qi no Estômago causa: boca seca, ressecamento dos olhos, da pele, da vagina, fome sem vontade de comer, fraqueza muscular, refluxo, alterações do funcionamento intestinal.
E como o Estômago recebe menos alimento, também passará menos matéria prima para que o Baço-Pâncreas funcione, o que acarreta em Deficiência do Qi e posteriormente Deficiência do Sangue do Baço, que gera sintomas de: fraqueza muscular, memória afetada (falta de memória, lapsos, dificuldade de atenção), flacidez da pele e músculos, cansaço crônico, fezes amolecidas, ptose de órgãos entre outras consequências.
Com o Baço fraco, toda cadeia de transformação de energia do corpo ficará comprometida, e à médio/longo prazo, outros órgãos como Pulmão, Rim, Fígado e Coração podem ser afetados. Assim, problemas como diminuição da capacidade respiratória ao esforço físico, quedas abruptas de pressão arterial, dificuldade de digerir gorduras, queda de cabelo, unhas quebradiças, também podem aparecer.
Como a cirurgia bariátrica sempre é indicada para pacientes que realmente terão benefícios em sua saúde, maiores que os malefícios gerados por ela, o acupunturista que recebe um paciente que realizou cirurgia de redução de estômago, em seu consultório, deve SEMPRE fortalecer o Estômago e o Baço do mesmo, tentando não somente evitar/melhorar os sintomas acima citados, como evitando a quebra da transformação de energia no corpo.
São sugeridos como pontos para fortalecer o Estômago e o Baço-Pâncreas: E36, E41, B21, BP6, BP2, BP3, B20, B49.
Na auriculoterapia podem ser utilizados os pontos de Estômago, Baço, Pâncreas, Metabolismo.
E na alimentação terapeutica, deve-se utilizar os alimentos neutros do elemento Terra.
Ervas chinesas deve ser utilizadas quando o tratamento convencional de acupuntura + alimentação terapêutica não são suficientes.
Uma reeducação alimentar acompanhada por nutricionista e o acompanhamento hormonal feito pelo endocrinologista devem ser sempre realizados em conjunto com a acupuntura.
O tratamento com acupuntura nestes casos é extenso, devendo ser realizado ao menos uma sessão por semana, de 3 a 6 meses no pós cirúrgico e então o paciente é reavaliado para alta.
É isso pessoa, espero que vocês tenham gostado e que tenha sido um texto de grande utilidade.
Um grande abraço para todos!
Profa. Fernanda Mara