Bom dia leitores!

Na semana passada escrevi um artigo sobre como a Quimioterapia afeta a dinâmica dos 5 Elementos da Medicina Tradicional Chinesa. Foi visto que em princípio, o tratamento com Quimioterápicos afeta o elemento Terra, ou seja, Estômago e Baço-Pâncreas.

A tabela de sintomas está novamente apresentada abaixo  para que possamos relembrar e retomar nossos estudos de forma mais fácil:

Assim, o artigo da última terça abordou:

1.Efeitos Precoces: Estagnação do Qi do Estômago – Deficiência do Yin do Estômago

2. Efeitos Imediatos: Deficiência do Qi do Baço-Pâncreas – Deficiência do Sangue do Baço

Vamos, agora, descrever as fases 3 e 4:

3.Efeitos Tardios: Deficiência do Qi do Pulmão:

Depois de um ou mais meses de terapia com Quimioterápicos e partindo do princípio que Estômago e Baço-Pâncreas já estão enfraquecidos, existe uma falha a nutrição do Pulmão por estes órgãos.

Para medicina chinesa, o Pulmão é o maior transformador de energia do corpo, pois capta o Qi do Ar, produz Wei Qi (energia de defesa), Ying Qi (energia nutriva) através da energia dos alimentos (Gu Qi) que vem do Baço. A partir do momento que Baço se torna fraco e falha em passar a energia dos alimentos para Pulmão, este ficará fraco, produzirá menos energia e a consequência será a Imunossupressão.

Também é dada ao Pulmão, segundo à medicina oriental, o comando sobre os cabelos. Nessa etapa da Quimioterapia, é comum o paciente passar por Alopécia, que é a queda dos cabelos. O Pulmão fraco, não consegue manter os fios nutridos, e somado ao calor pré existente no Estômago, o cabelo cai.

As infecções pulmonares (Pneumonites), também são comuns nesta fase, pois há uma diminuição brusca da imunidade e da produção da Wei Qi.

Nesta fase, é importante que o acupunturista fortaleça o Pulmão e a Imunidade do paciente. Eu sugiro os seguintes pontos: B13, B42, P7, P9, VC17, BP6, BP21.

Com o Pulmão sendo a base da produção de energia para os demais órgãos, por contra-dominância da Lei de Controle, o Coração começa a ser sobrecarregado, aparecendo então as Miocardites e problemas Neurais (uma vez que é o Coração que toma conta do Sistema Nervoso Central). E por Lei de Geração, problemas Renais, também começam a aparecer.

4. Efeitos Ultra-Tardios: Deficiência da Essência/Yin do Rim:

Depois de da lesão energética do Pulmão, a Quimioterapia segue com seu potencial de enfraquecimento através dos 5 elementos. O Rim é o próximo órgão a ser afetado.

Por Lei de Geração, Pulmão diminui sua capacidade de nutrir o Rim, que para medicina chinesa tem a nobre função de ser responsável pelo nascimento, crescimento, desenvolvimento, reprodução, envelhecimento e morte.

Quando o Rim é afetado, a pessoa pode se tornar Estéril. No caso das mulheres, se conseguirem engravidar, existe a possiblidade ocorrer mutações genéticas nos bebês (mutagênese). A criança nascendo, poderá ter problemas no desenvolvimento ósseo.

Nessa etapa, os problemas neurológicos podem piorar, por Lei de Controle, com o Rim atacando o Coração e sua responsabilidade sobre o Sistema Nervoso Central.  E por Lei de Geração, irá deixar de nutrir o Fïgado, que poderá apresentar fibrose ou cirrose.

De todos os efeitos, sem dúvida os Ultra Tardios são os mais perigosos. Recomendaria inclusive que os cuidados com o Rim começassem junto com a aplicação da primeira Quimioterapia. Sugiro os pontos: R3, R6, R7, VC4, B23, B52, VG4 e o Vaso Maravilhoso Ren Mai – (P7-R6).

O paciente deve se dedicar a tomar uma boa quantidade de água por dia, incluir o gergelim preto na dieta e ter boas noites de sono, o que irá ajudar o Rim a permanecer forte por muito mais tempo.

Como os leitores devem ter percebido, a Quimioterapia afeta todos os 5 elementos, a começar pelo Terra, depois Metal e Água (ambos afetando secundariamente o Fogo) e por fim o elemento Madeira.

A acupuntura é indicada em qualquer tipo de paciente com câncer para diminuir os efeitos colaterais da quimioterapia e há centenas de artigos científicos que comprovam sua eficácia. Não há contra-indicações, mesmo que feita com agulhas, nestes pacientes. Não há risco de infecção e nem tão pouco de piora do quadro.

Este é um assunto que poderia durar por meses. E sempre que possível voltarei nele.

Aos que tiverem curiosidade de saber mais, em artigos científicos, indico a plataforma Pubmed

Espero que os colegas acupunturistas tratem de seus pacientes sem medo. E que os benefícios sejam brevemente notados.

Grande abraço à todos.

Profa. Fernanda